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Mercado de capitais é a nova tendência para criar capital de giro

03 Fevereiro 2020

A diminuição da disponibilidade de crédito público tornou o mercado de capitais a melhor opção para a formação de capital de giro para muitas empresas de grande porte. Um dos maiores motivos para isso foram mudanças na política de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que aumentou a taxa de juros cobrada sobre o valor financiado, aproximando-se da praticada pelos bancos privados. A baixa dos juros, que tem tornado cada vez menos interessante para bancos privados emprestarem dinheiro para grandes empresas, também é outro fator que pode ter diminuído a quantidade de financiamento disponível e empurrado as empresas para mercados de capital.

Mercado de capitais teve maior captação de recursos nos últimos cinco anos

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) divulgou no início de janeiro um relatório sobre as atividades referentes à 2019. A instituição mede a quantidade de capital tomado através de ações, títulos, IPOs, debêntures, e outras formas de crédito disponíveis no mercado de capitais. De acordo com a instituição, empresas conseguiram R$ 396.068 milhões através da emissão de títulos. Esse valor é o maior desde 2013, e representa um aumento de 59,25% em relação ao total de 2018. Grande parte dessa quantia foi conseguida através de debêntures (títulos da dívida das empresas), responsáveis por R$ 173.606 milhões. Outra parte desse valor foi utilizado para refinanciamento de dívidas (34,8%). Em último lugar ficou a utilização para criação de capital de giro (29,4%).

As ações também foram grande fonte de capital para as empresas. IPOs e títulos de empresas já listadas na bolsa anteriormente conseguiram levantar R$ 90.175 milhões segundo o mesmo relatório. Entre a destinação dos recursos, também está a criação de capital de giro, (10,5%), ainda aparecendo aquisição de ativos (34%) e aquisição de participação acionária (28,9%). As empresas que estão utilizando o mercado de capital para manter suas atividades não são novas. Um dos indicativos disso é a quantidade pequena de IPO em 2019, apenas cinco, se comparados com rodadas de captação por ações feitas por empresas que já tinham capital aberto (37).

Queda nas taxas de juros para debêntures foi o que as tornou mais competitivas

Essa tendência para a troca de empréstimos de bancos pelo mercado de capitais já tinha sido apontada pelos pesquisadores do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe). No início de 2019, a instituição lançou um relatório com dados de 2017 e 2018 que já apontava essa tendência com a diminuição de dinheiro vindo do BNDES e maior aporte a partir de debêntures, sejam elas no mercado financeiro ou para bancos. De acordo com o relatório, “até novembro (de 2018), o aumento de R$ 68,3 bi do saldo de recursos tomados no mercado doméstico se deve exclusivamente à captação liquida de R$ 79,1 bi com títulos de dívida corporativa, valor esse que supera a variação negativa de R$ 10,8 bi das fontes de crédito bancário”.

A troca fica ainda mais justificada se comparar as taxas de juros do BNDES apontadas no estudo com as cobradas para debêntures. “Na comparação com as condições oferecidas pelo BNDES, combina-se a forte queda da taxa de juros das debentures com a progressiva elevação das taxas médias das operações desse banco e da mudança de sua política operacional”, explicam os pesquisadores no relatório. A preferência citada se deu por alguns poucos meses quando a taxa para debêntures estava acima dos juros praticados pelo banco governamental.  Em entrevista para o site G1, Carlos Antonio Rocca (coordenador do Cemec-Fipe), explicou o aumento do uso de mercados de capital a partir da redução de custo deles. “Com o governo pagando 14,25% (patamar que a Selic alcançou há alguns anos), quem quisesse colocar papel privado no mercado teria que oferecer um prêmio acima disso, então o custo de captação ficava muito alto. Com o desabamento da Selic, o custo de captação das empresas caiu drasticamente”.

Vale um adendo…

Por mais que esse mercado esteja mais vantajoso do que captar recursos públicos, empresas podem encontrar dificuldades para entrar nele. A emissão de debêntures (assim como a venda de ações, regulada pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM) tem diversas exigências para que as empresas abram seu capital. O processo é longo, mas com planejamento e sem pressa, é possível usufruir do mercado de capitais para conseguir financiamento.

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